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sábado, 18 de abril de 2009

História

Cerca de 34 quilómetros separam Calvelhe da capital concelhia, que lhe fica a norte, ligando-se esta através da sinuosa EN 217 ou 35 Km como alternativa, é a mais utilizada que faz a ligação à IP4. Cobrindo um território medianamente extenso e de algo suave topografia, Calvelhe é cortado e irrigado por dois pequenos afluentes de margem direita do rio Sabor, integrando nas áreas de vale consideráveis trechos de férteis solos agrícolas.
Vocação natural e ancestral destas paragens é, assim, a agro-pecuária, cujo regime produtivo muito deve ainda aos processos tradicionais de subsistência (se bem que se possa registar já alguma mecanização). Acusando considerável teor de desertificação (o qual afecta, como é consabido, a generalidade do concelho e distrito), Calvelhe conta hoje apenas uns cento e trinta e nove residentes, sabendo-se que há meio século atrás aquele número ascenderia a 449 almas. Já pelos anos trinta deste século, o incontornável Abade de Baçal, debruçando-se sobre a promissora arqueologia local, aqui registava nada menos que três prováveis redutos fortificados castrejos, dando pelos curiosos nomes de “Castelo de Urreta Avelheira”, “Catelo de Urreta Fermosa” e “ Castelo Sanguinho”.
Pelas descrições que o sábio nos legou (e outros investigadores na sua esteira), é de crer que nem todos estes arqueo-sítios correspondam a antigos assentamentos castrejos da Idade do Ferro.
O caso do Castelo Sanguinho, por exemplo, poderá remeter para um nível de ocupação altimedieval, dada a provável inexistência de estruturas habitacionais. O reduto fortificado registaria um perímetro total orçado em 280 metros, conjugando uma estruturação defensiva artificial (muro e fosso) em dois dos flancos com a natural inacessibilidade topográfica nos restantes.
Noticiada á também a existência de uma “cistema”, bem assim como de “buracos de poste” (interpretados como “guiceiros” para a instalação de portas em madeira...) e ainda uma rudimentar estrutura pétrea de alegado teor defensivo, consistindo esta em uma fila de aguçados esteios cravados ao alto no solo (sic). Para além destes recuados vestígios de povoamento castrejo, da romanização e altimedievais, a própria antiguidade pré-nacional da instituição paroquial parece vir ao de cima, tendo-se em conta o actual (e primitivo) orago – o mártir S. Justo.
Integrando a antiquíssima “terra” de Lampaças, Calvelhe passaria ao termo de Bragança após a integração daquela neste concelho.
A Igreja Paroquial e que data do ano de 1694 é um pequeno templo de humilde traça arquitectónica, com uma singela frontaria onde se inscreve um pórtico liso e em esquadria, encimado ao alto por um minúsculo óculo. No vértice cortado da empena assenta, por sua vez, um campanário de dupla ventana, rematado ao alto por uma terceira sineira, de miniaturais dimensões.
No lintel do singelo pórtico pode ler-se uma inscrição acusando o ano, por certo, da respectiva fábrica – 167 (?). De algum interesse patrimonial é também a Capela de Santo Estêvão.
Assumindo-se como área privilegiada de caça, o território desta freguesia possui ainda incontáveis atractivos naturais e paisagísticos, de assinalável beleza.

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